terça-feira, 24 de novembro de 2009

A HISTÓRIA DO FUMO BRASILEIRO.



A HISTÓRIA DO FUMO BRASILEIRO.
( 1985 )

Recebi este artigo autografado pelo autor que é :
Jean-Baptiste Nardi, com uma gentil dedicatória,
E assinada pelo autor (conforme anexo);

Pour um specialiste de la pipa.

RESOLVI FAZER UM RESUMO, COM MEU AMIGO:
EMILIO SACCHITELLA

Devido ao artigo ser muito extenso, com vários itens, e subitens, vou tentar resumir com algumas breves explicações.
A primeira pergunta; “porque o fumo?’’. O que se segue pode ser considerado como uma resposta.
Hoje o fumo é cultivado em todas as partes do mundo. Numerosas são as variedades de fumo, os métodos empregados e as finalidades comerciais e industriais. O fumo é um produto conhecido de todos e consumido pela maioria das pessoas; mas quantos sabem como o fumo chegou a ser um companheiro de cada dia? .
A este respeito à história do fumo brasileiro é talvez, de todas as mais significativas.
No Brasil atual coexistem todas as formas de produção do. Fumo.
Cultivam-se todos os tipos de fumos escuros e claros; a secagem é efetuada segundo os diversos métodos ( ao sol, em galpão, em estufa) e a matéria prima é destinada quer a exportação quer a transformação em corda(fumos de corda), em cigarros e charutos.
Podemos dizer que no Brasil estão reunidos todos os aspectos da produção do fumo.
É provavelmente um caso único e o estudo do fumo no Brasil, é o perfeito exemplo para tudo o que se faz nesta matéria no mundo.
O fumo existe no Brasil há séculos. A evolução que conhece a partir do descobrimento pelos europeus, faz com que se torne um produto tradicional, que tem um papel determinante na formação social e econômica do país.
O fumo aparece finalmente como uma das mais profundas raízes do Brasil, ao mesmo tempo em que um produto do futuro.

1-ORIGENS E EVOLUÇÃO

A - PLANTA MÁGICA.
A história do fumo no Brasil começa muito cedo, bem antes da chegada dos europeus.
A planta nasceu provavelmente, nos vales orientais dos ANDES BOLIVIANOS e se difundiu no atual território brasileiro atavés das migrações indígenas, sobretudo Tupi- Guarani.
Havia vários tipos de fumo, mas apenas duas plantas eram usadas e cultivadas; a Nicotiana Tabacum e a Nicotiana Rústica..
O fumo para os índios tinha um caráter sagrado e como a mandioca, o milho e muitas outras plantas, uma origem mítica. Seu uso era geralmente limitado aos ritos mágico-religiosos e como planta medicinal. Por isso era reservado unicamente
Aos pajés (feiticeiros). O fumo era utilizado para a iniciação dos pajés e nas cerimônias tribais. Por meio dele, o pajé entrava em transe no qual contatara os deuses, espíritos, almas dos mortos, ou ainda predizia o melhor momento para ir à caça, viajar ou atacar o inimigo. A fumaça era considerada purificadora? Protegia dos maus espíritos o jovem guerreiro, a roça, a safra, ou a comida.
Como planta medicinal curava as feridas, as enxaquecas ou as dores de estômago.
E tinham diversos outros hábitos, como seis usos diferentes para o fumo entre os índios da AMÉRICA DO SUL ( comido, bebido, mascado, chupado, em pó e fumado), o hábito de fumar era i mais relevante.
Era fumado num tipo de charuto, chamado CANGUEIRA; folhas de fumo secas, enroladas numa folha de milho ou palmeira, na forma de uma vela, cujas dimensões iam de 6 (seis)cm a 60 (sessenta)cm.
No início de novembro de 1492, os companheiros de CRISTÖVÃO COLOMBO, viram pela primeira vez os índios fumar.
Então começou a história de uma formidável expansão; em apenas um século o fumo passou a ser conhecido e usado no mundo inteiro, expandindo=se de duas maneiras.
A 1ª através dos marinheiros e dos soldados, para quem o fumo era um bom meio de se passar o tempo durante os longos meses que duravam as viagens. E o costume de se mascar, introduzindo assim o costume nas camadas populares dos países europeus, da África e do Oriente. O fumo então usado era unicamente de corda.
A 2ª maneira já revela a importância do Brasil na difusão do fumo pelo mundo.
Em 1530, após a expedição de Martim Afonso de Souza no sul do país, um donatário português. Luiz de Góis, em; 1542 levaram a planta a Portugal, e a história prosseguiu.

B-INÍCIO DO COMÉRCIO
Durante os três primeiros quartos do século XVI os colonos portugueses obtiveram
O fumo dos índios, através de um sistema de trocas, mas numerosas guerras fizeram que, por volta de 1570, ele começassem a cultivá-lo, no início para o próprio consumo e mais tarde para vende-lo, sob a instigação de comerciantes por motivos vários.
No decorrer do século XVII, o comércio do fumo conheceu no Brasil várias legislações ( liberdade. Contrato, impostos).
Mas resumindo o monopólio português foi estabelecido em 1674.

C-RESGATE DE ESCRAVOS
Não sabemos quando o fumo começou a ser utilizado para a compra de escravos na África. O tráfico começou em 1570 e supomos que o fumo apareceu no comércio somente no final do século XVII. O que é certo é que em 1637, os holandeses, em guerra contra Portugal, apoderaram-se do castelo de São Jorge da Mina, possessão portuguesa na África ocidental, controlando então o comércio nessa região, e,após o tratado de paz em 1641 eles proibiram o comércio de mercadorias européias aos portugueses, deixando livre apenas a compra dos rolos de fumo da Bahia e mais alguns gêneros menores, como a aguardente.
A partir de então, o fumo passou a ser o principal gênero de comércio, no escambo dos escravos na Costa da Mina, e entrou em quantidades reduzidas nas transações com outras regiões africanas (Angola), e a sua extinção na segunda metade do século XIX, fez a riqueza dos comerciantes baianos, (BRASIL).

D - APOGEU E COMÉRCIO
No final do século XVIII ocorreu o apogeu do comércio do fumo do Brasil colonial

E - NOVAS ÁREAS.
Na AGRICULTURA, uma política de desenvolvimento permitiu a criação de novas áreas fumaceiras, além da Bahia; o fumo passou a ser cultivado em Minas Gerais, Goiás, São Paulo, e sobretudo, no Rio Grande do Sul, com a chegada dos emigrantes europeus, em particular os alemães.

F – DIVERSIFICAÇÃO DAS INDÚSTRIAS.
No setor da indústria surgiram as fábricas de rapé, no Rio de Janeiro..Mas essa indústria foi desaparecendo aos poucos.
A indústria do charuto se desenvolveu durante todo o século XIX, e seu período de prosperidade situa-se entre 1870 e 1930. Durante muito tempo a fabricação de charutos permaneceu em estágio artesanal, efetuada pelos próprios produtores de fumo.
Algumas fábricas maiores destacavam-se como a Costa Ferreira & Penna, a Dannemann e a Suerdieck, todas na Bahia, e a Poock, no Rio Grande do Sul.
Ao chegar o século XX, a produção de charutos era de 70 milhões de unidades, das quais 90% produzidas na Bahia.

G – DIVERSIFICAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO.
No Comércio, observa-se no século XIX uma diversificação. O desenvolvimento das comunicações internas ( novas estradas de rodagem e de ferro, companhias de navegação). Facilitou a circulação do fumo no país.
Criaram-se diferentes processos de comercialização, estruturas complexas entre os diferentes produtos (fumos em folha, em corda, desfiado,charutos,cigarros, rapé ), dos diferentes estados produtores e mercados.

H – CONCENTRAÇÃO.
Nas três primeiras décadas do século XX assiste-se à concentração agrícola e industrial e ao estabelecimento das estruturas atuais.

I – CONJUNTURAS FAVORÁVEIS.
De 1940 até hoje, o fumo brasileiro beneficiou-se de conjuntura favoráveis, em particular o crescimento do consumo de fumos claros (fenômeno mundial) e da crise que atingiu a Rodésia. Em 40 anos a área cultivada triplicou e a produção multiplicou-se por quatro.
A cultura de fumos claros no Rio Grande do Sul estendeu-se aos estados vizinhos de Santa Catarina ao Paraná, enquanto a Bahia enfrentava graves problemas com a má saída dos fumos escuros e a concorrência do estado de Alagoas, que passou a produzir o mesmo tipo de fumo, com qualidades e quantidades equivalentes.

J – A EXPORTAÇÃO
O setor de exportação foi favorecido, no final dos anos 60, pelo embargo da Rodésia,
Então grande produtor e exportado de fumos claros.

2 -- UMA HERANÇA QUE OS ÍNDIOS NOS DEIXARAM.

3 – No tráfico de escravos uma ”MOEDA” Forte; Fumo da Bahia.
4 – Rapé, charutos, cigarros; A Ascensão de uma história.
5 – Nordeste, Sul, Outras partes; as Bases de uma Estrutura no século
XIX, a Desconcentração.
6 -- Após Três Séculos, a Descoberta; Fumo é Ouro de Verdade.

E UMA GRANDE VERDADE; NO FUMO A ORIGEM DO IPI.
(IMPOSTO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS).